13 abril, 2009

Memórias do Passado

A noite chegara depressa e uma escuridão sombria pairava nos corredores do castelo.Encostado à parede, junto à porta do grande salão, Sir Fryon aguardava. Os braços cruzados sobre o peito, cabeça baixa e olhos semicerrados conferiam-lhe um ar de dormência. A sua pele branca e postura imóvel faziam com que parecesse uma estátua contra a pedra fria e escura do castelo. Fryon ergueu o canto do lábio num sorriso mordaz, mostrando o canino de aspecto afiado enquanto passos começavam a ecoar no corredor vindo na sua direcção.
– Senhor, estais atrasado. Há muito que a lua atingiu o seu ponto mais alto.
Um vulto surgiu das sombras.
– Caro Fryon – a voz era masculina, numa acentuação muito bem pronunciada. – A noite é ainda uma criança e é apenas nossa…
- Não totalmente - interrompeu o Fryon colocando-se direito.
- Não vamos começar, por favor - pediu Dimble Moss, Senhor de Lake By Downs, já parcialmente visivel na escuridão. - Já falámos sobre isso mais vezes do que as que seriam necessárias para perceberes que as coisas não são assim tão simples.
- Pelo menos no que diz respeito a si. Quanto a mim, para si tudo tem de ser uma linha recta.
- Fryon, por muito que goste de ti, exijo respeito como teu senhor - a voz de Dimble tomara um tom mais grave e sério. Era a voz de um verdadeiro senhor.
- Peço perdão, mas sabe que o que digo é verdade.
Os dois ficaram em silêncio, parecia que a noite iria terminar mais cedo que o esperado.
- Dimble? - murmurou Fryon num tom carinhoso. Era muito raro utilizar o nome próprio do seu senhor.
Com apenas um passo aproximou-se o suficiente do senhor de Lake By Downs para poder tocar os lábios dele com os seus. Aquela era a forma normal como ele parava as discussões entre os dois, Fryon detestava estar chateado com Dimble. Na escuidão da mansão reinou o silêncio por um segundo.
- Pára, não aqui - Dimble afastou-se calmamente.
Com um sorriso pegou na mão de Fryon e os dois retiraram-se com um murmurio do senhor de Lake By Downs.
- Um dia far-te-ei o meu rei!


A vida não se designa a uma linha recta...Nem sempre as coisas se resolvem com um simples sim ou não. Mas é preciso saber dar a volta às situações.

3 comentários:

Minna disse...

E nem sempre as coisas se podem resolver com um beijo.

Adinatha Kafka disse...

A vida num é apenas preta nem apenas branca (fala aquela sentada em cima do muro...LOL)

Beijão*

Rudolph disse...

Apesar da doçura e harmonia de um beijo, não serve como fim de um conflito ou discussão. Um beijo na altura errada é sentido apenas fisicamente. Dentro de nós, esse beijo bloqueia, fecha portas e janelas, pesando ainda mais os nossos sentimentos, a nossa alma, agravando a situação ainda que a longo prazo.

A vida é como uma rede de estradas, há cruzamentos, biforcações, rotundas, curvas, rectas... Sentir que temos o poder de fugir a essas limitações é errado. Na vida temos que saber parar, pensar e escolher o melhor caminho, e escolher quem nos irá acompanhar nesse percurso ou não, sempre conscientes de que não podemos deixar de considerar as opções dessas pessoas. É uma escolha e um caminho feito em conjunto e não por um e por outro

 
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