07 junho, 2009

Hollow

A lua parecia a sua maior inimiga naquela noite. Quando mais necessitava dela, quando tudo parecia querer desabar sobre a sua cabeça e ele apenas pedia por uma saída ela manteve-se silenciosa, com um brilho ofuscante, como se troçasse dele.
Prostrado no chão as lágrima teimavam em não cessar e ele deixou que elas jorrassem. Com elas gritou, barafustou, amaldiçoou tudo e todos, implorou para que terminassem com a sua dor até já nada restar a não ser uma sensação de pleno vazio. A noite estava fria e o chão humido, de encontro às suas costas, causava-lhe arrepios medonhos. Lembrou-se então que, ao contrario do que planeara, não estava a ver um filme de terror mas a viver um.
Levantou-se vagarosamente e arrastou-se novamente para dentro. Num ultimo olhar amladiçoou a lua uma vez mais. Uma vez la dentro atirou-se no sofá e durante um longo período de tempo olhou o tecto. Finalmente conseguiu adormecer.
As lágrimas voltaram na manhã seguinte e a dor voltou com elas. Num gesto que lhe foi mais doloroso do que se lhe estivessem a arrancar um membro pegou na foto dela e colocou-a dentro da gaveta. Olhou em volta e, desesperadamente, tentou esconder tudo o que o fazia lembrar-se dela. A tarefa mostrou-se impossivel e ele limitou-se a tapar a cabeça com o edredão. Esforçou-se para voltar a dormir mas foi-lhe impossivel. Precisava desesperadamente de sair dali. Levantou-se, tomou um duxe e vestiu-se. Olhou para o relogio de pulso e correu para a estação.
Não há sitio melhor que a nossa casa.

No seu velho quarto ele chorou...
Continuou a chorar...
Apesar de já não haver nada dentro dele, apenas não conseguia parar...

 
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