E no meio de todas aqueles rostos sorridentes, sérios, ténues, indiferentes, estou eu; No meio dessa imensa multidão de pessoas, de vidas, encontro-me a olha-las e a observa-las. Porque mesmo estando aparentemente acompanhado, estou só. Vivo aquele momento para observar os outros a viver porque, neste momento, não tenho vida para desfrutar. Sinto-me vazio, transparente, invisível. Só consigo observar, invejando cada passo, cada movimento, cada olhar, desejando que cada um deles fosse meu.
Nesse mesmo momento, sinto uma pequena e ténue luz, que começa a preencher esse vazio, começo a sentir a opacidade do meu corpo... e sinto uma mão no meu ombro, quente, de toque suave mas firme. E à medida que a mão se mantém pousada no meu ombro, a luz aumenta, a opacidade volta. E eu sinto a minha fonte de vida a correr novamente. A mão transforma-se num olhar... esse olhar transforma-se numa palavra.... essa palavra num beijo. No desenrolar, a luz continua a crescer até que me invade totalmente, e quebra todas as barreiras do meu corpo e da minha alma. Parece que invade tudo e todos, e aqueles rostos que observava tornam-se ainda mais vivos e luminosos.
É aí que compreendo... que a minha vida dependia daquele toque, daquele olhar, daquela palavra e daquele beijo... que a minha vida dependia de ti.
Passaram-se quase onze meses. Meses de vivências, de alegrias, de diferenças, de entendimentos, de sorrisos, de lágrimas, desilusões, perdões, de tudo o que há de bom e também do que há de mau. Não é uma critica nem um desabafo. É dos momentos bons e dos momentos maus que as relações se tornam mais fortes. É havendo entendimento mutuo que uma Vida cresce, evolui e avança. Não é o destino que dita que nascemos para estarmos juntos. Somos nós todos os dias, que lutamos para criar o nosso próprio destino. E se esse destino, essa luta, puder ser ao teu lado, por mais e longos meses, sentir-me-ei feliz, por ter alguém como tu ao meu lado. Alguém com defeitos e virtudes, alguém humano. Mais do que hábitos, cláusulas, intimidades, sobrevalorizo um simples abraço, um beijo na face, um carinho. São esses pequenos momentos que eu guardo como tesouros de uma relação. Ao fim de onze meses, depois de tudo o que passamos e de todos os obstáculos que já foram e que ainda estamos a enfrentar, posso dizer seguramente. "amo-te".